Lá estou eu voltando com amigos de uma fazenda, em um domingo de folga, descanso e muita tranquilidade. E quando passava pela cidade de Queimadas vi um aglomerado de pessoas em frente a uma escola. Logo percebi que se tratava de um velório. Mas não soube em que circunstâncias a pessoa havia morrido. Podia ser um velório qualquer. Mas qual não foi a minha surpresa quando chega à Redação um dia depois e fiquei inteirado do que realmente havia acontecido. Era a macabra história da morte da professora e da recepcionista, Izabella e Michele.
E voltei àquela escola, que era onde a professora trabalhava e foi velada. No meio da multidão, a polícia prendeu três dos acusados dos crimes. Eram os donos da festa que simularam o assalto, que na verdade eram estupros programados, o presente de aniversário que um irmão deu para o outro. Numa sequência horrenda de fatos grotescos, as moças que reconheceram os agressores na hora da relação sexual forçada foram mortas, baleadas, estraçalhadas. Quem viu as meninas sem vida disse que era de dar dó, algo inimaginável. Dois dos bandidos (ou sei lá que nome se dá para gente assim) planejaram tudo. E contaram com a participação do sobrinho do prefeito, de três adolescentes e de outras figuras da cidade. Hoje, todos presos, jogando a culpa uns para os outros e a polícia doida para tentar juntar as peças e formar o mosaico de terror de uma história que vai ser lembrada por muito tempo.
É triste ter de reincidir em temas dessa natureza. Mas a violência ultrapassou os limites do crime. Agora, como no caso de Bruno Esnesto, de João Pessoa, a questão é a total banalização da vida, da integridade física e moral, do raciocínio lógico e de todos os propósitos que um ser humano pode ter. Tenho dito nos últimos dias, acompanhando de perto a repercussão do caso, que dessa vez me abalei profundamente. Quem trabalha vendo o pior que o mundo oferece tende a minimizar os efeitos psicológicos nocivos do fato em questão. É uma proteção, como já falei alguma vez aqui no Argumentu. Mas dessa vez eu parei e pensei: "Minha Nossa, o que é isso????" Desanimei! E tenho pedido a Deus forças para retomar fôlego e seguir vivendo e lutando pelo que acredito e por dias melhores à minha volta.
É difícil estar num mundo que conviveu com a bondade e a luz de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, tem gente capaz de matar por sexo, de maquinar estupros disfarçados de festa. Um planeta onde viveu Mahatma Ghandi, que com o princípio da não-violência tornou a Índia livre do total domínio da Inglaterra, mas que também comporta a escuridão espiritual de seres que zombam de tudo e de todos e querem ver o circo pegar fogo. Um mundo onde vivemos você e eu, que acordamos cedo para trabalhar e plantar sementes para o futuro, mas que tem gente que as destroem das diversas formas possíveis. Entretanto, como tudo no Universo tem um caminho de evolução obrigatório, espero que sobrem algumas dessas sementes que sejam resistentes ao mal e que tragam, algum dia, a certeza de que homicidas dessa estirpe não mais andarão entre nós.
Excelente Plínio!
ResponderExcluirNão tem como ficar inerte e achar que é normal tanta violência, tenho fé que bons tempos virão, senão, onde chegaremos!?
Plínio, o sentimento externado por você no seu texto é o de muitas pessoas que assim como você levanta-se todo dia, que luta por dias melhores, eu como professora que levo aos meus alunos o melhor que posso vejo que o mundo está cada vez mais complicado, quer dizer os homens, deixaram, de lado valores, transformaram outros em banalidades, e estão tratando a morte como banal, o que vejo agora é o que Locke lá no século XVII prenunciou"O homem é lobo do homem", e vejo os homens matando uns aos outros por motivos banais, fúteis, não basta mais assaltar, roubar, tem matar, para as mulheres a pior parte o estupro, o abuso. Que mundo é esse? Para onde estamos indo?? Desde domingo que não paro de me perguntar!
ResponderExcluirPlínio,infelismente, o mundo está totalmente revirado, o ser humano deixou de ser humano. Quanta violência, uma grande crueldade . Até quando iremos ligar a TV e ver cenas tão absurdas quanto essas? A vida, o mundo, as pessoas estão se tornando cruéis demais. Dá medo de sair de casa, porque os grandes crimes ultrapassaram as grandes capitais e já estão acontecendo em cidades menores, isso nos dá um medo terrível.
ResponderExcluirInfelizmente só o sentimento de revolta e repudia não basta, nós cidadãos de bem estamos de mãos atadas em relação a barbaridades como essa, vi meu professor, colega de trabalho da Isabela se emocionar ao falar de uma jovem independente, dona do próprio nariz ... é o que muitas querem ser naquela sala de aula, mas tristemente o mundo não depende só da nossa vontade e sonhos, quem dera se fosse assim. Bandidos estão soltos disfarçados de cordeiros, verdadeiros demônios! aconteceu com 2 mulheres que nem conheço e me emociono ... Pode acontecer comigo, com a minha irmã, minha prima, minha amiga do colégio, enfim .. tá faltando Deus no coração dessa civilização ( se é que somos civilizados ) tá faltando pai e mãe ensinar a amar o próximo como a sí mesmo, tá faltando amor, tá faltando vergonha na cara. O que tem de sobra é o medo e assassinos como esses. Infelizmente.
ResponderExcluirPlínio são nessas horas que sou a favor de pena de morte para casos como esses! Eles acabaram com a vida de duas famílias sem motivo nenhum, por pura maldade. A mesma coisa foi com o Bruno Ernesto, o rapaz pediu para não morrer, mas os bandidos não quiseram saber e executaram o rapaz. Não está na hora de rever esse código penal? Não tem muita proteção para bandido não? Direitos humanos aparece nas famílias das vítimas? Tá tudo errado.
ResponderExcluirNão há palavras para descrever o que aconteceu, esse episódio triste e lamentável que pegou a todos os queimadenses de surpresa. O fato é que houve dois homicídios covardes e com requintes de crueldade, algo que não se faz nem com um animal peçonhento. Aliás, só pode ter sido mesmo animais os autores desse crime, porque ninguém em sã consciência cometeria tal atrocidade. Queimadas ainda é uma cidade pacata e que não está acostumada a acolher este tipo de tragédia, uma verdadeira barbárie. A mobilização das pessoas foi prova disto, com o comparecimento em massa no velório e no sepultamento das vítimas. Esperamos que se faça justiça e que nada do que aconteceu fique impune. Deixo aqui as minhas condolências e os meus sentimentos às duas famílias das garotas. A morte de izabela e de Michele será lembrada por muitos e muitos anos. Izabela, Ju, descanse em paz, prima!
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