terça-feira, 6 de março de 2012

O MINISTRO, A CACHOEIRA E A CORRENTE




Discursos são discursos e a prática é a prática. De conversa o mundo está cheio. E de ações voltadas para o bem geral, isso é outro papo. Na visita ao torrão natal, o Excelentíssimo Senhor Ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, falou que a Paraíba precisa acabar com o que chamou de "Guerra Civil Interna". Ele se referia à política mesquinha que envolve o Estado há tempos (e bote tempo nisso). Uma disputa unicamente pelo poder, onde a população está sempre em segundo plano, ou fora dos planos. A não ser que sejam planos com fins eleitorais e/ou eleitoreiros. Aí voltamos à questão do poder. É um Círculo Vicioso miserável. 

O referido ministro disse que vai fomentar a UNIÃO em favor da Paraíba. E que para isso, dentro do que lhe compete, estará ajudando prefeitos e Governo do Estado de forma igualitária, destinando recursos à Paraíba que possam impulsionar o progresso dessa terra tão esmagada pela seca e pelos seus filhos mais desnaturados. Foi um discurso. Até onde o sentimento é verdadeiro, só o tempo e as ações reais vão dizer. E se isso vai funcionar ou inspirar os governantes deste solo, aí é que eu quero ver. E afirmar isso ainda mais em um ano eleitoral... Ah, ministro, eu também queria ter esse otimismo.

Na contramão dessa movimentação ministerial, não posso esquecer da visita que fiz por esses dias a um lugar chamado Cachoeira de Pedra D´água. Fica na zona rural de Massaranduba. Lá, os agricultores implantaram um projeto chamado Fundo Rotativo Solidário. É um sistema em que cada família contribui mensalmente com uma quantia, algo em torno de vinte ou trinta reais. A cada mês, junta-se um bom dinheiro. Aí eles se reúnem para definir as prioridades que a comunidade tem. Se é tempo de chuva e se precisa de sementes, eles providenciam e distribuem. Comprando em grupo, os preços saem mais baratos. Se a necessidade é de cisternas, eles começam financiando os reservatórios para quem ainda não tem e depois constroem uma segunda cisterna para quem já tinha. Outra alternativa é comprar cabras e dar às famílias. Na primeira cria, um dos filhotes é devolvido ao projeto para chegar à outra família. São várias formas e meios de produzir, gerar renda e melhorar a vida por lá. E funciona! Vi com meus olhos. Agora sim, estamos falando de um Círculo Virtuoso. O que alguém teria dificuldade em conseguir sozinho, consegue mais rápido e para todos.

Enquanto os senhores proeminentes, famosos e destacáveis da política só agora falam em união (e nem se sabe se isso é sincero), os agricultores da Cachoeira, em seu anonimato, dão uma humilde e contundente lição de como trabalhar juntos e produzir resultados satisfatórios, e sem o apoio de quem administra seus impostos. E o interessante é que a fórmula é a mais simples de todas. É a que segue a lógica de que a corrente só é forte se os elos forem realmente elos, fechados e fortes. Eu acho que ministros, governadores e deputados deviam dar uma passadinha lá em Massaranduba e assistirem a umas aulas. Se quiserem, ensino o caminho. 

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