terça-feira, 15 de novembro de 2011

O FIM PODE E DEVE ESTAR PRÓXIMO



Fico me perguntando por que não virei fumante. Na minha família, muita gente fumava e ainda fuma. Meu pai fumou durante um tempo. Parou quando minha irmã, com asma, o fez escolher entre ela e o cigarro. Teve um bom motivo e muita força de vontade. Em boa parte da infância, atravessando as décadas de 80 e 90, inalei fumaça por onde vivi e andei. Mas nunca senti e impulso de colocar um cigarro na boca. Nem pelos maus exemplos ao meu lado e nem mesmo pelo fato de ter alcançado as propagandas em que o tabagismo era sinônimo de status, de gente "despojada, bem relacionada, segura de si e feliz". E também nunca parei para mensurar a importância que o vício dos outros teria na minha vida. Não fazia diferença. Eles fumavam e eu não. Somente. Entretanto, um fato mudou radicalmente minha opinião sobre o cigarro. Aos 17 anos, recebi a notícia de que meu avô materno (o único que tinha e conheci), fumante há muitos anos, estava com câncer de pulmão. Minha adolescência não me deixou medir a gravidade da situação. Até que, a cada mês que se passava, eu assistia entristecido ele definhar, emagrecer, enfraquecer. Até a voz foi embora. Vovô apenas balbuciava. Falava mais com os olhos. E um dia aquele homem - um dos seres humanos que eu mais amava e de quem nunca me esqueci - morreu esquelético, deixando uma família inteira que tinha nele uma referência, alguém que transmitia amor, distribuía sorrisos e, apesar do vício, valorizava estar vivo. Acho que não é preciso narrar a saudade e a lacuna que ficou. E depois disso eu cheguei a fumar alguns poucos cigarros para provar para mim mesmo que aquilo não tinha graça e que era uma porcaria que destruía famílias. 

Observando mais detidamente, vejo que quase todos os meus amigos também não fumam. Felizmente, nunca tivemos essa necessidade de substituir algo das nossas vidas por fumaça nos alvéolos pulmonares. E não tenho qualquer tipo de preconceito com ninguém que usa. Apenas sou a favor da Saúde. Pesquisando, vi que não é privilégio da minha turma. É um fenômeno que acontece em todo o mundo. No Brasil, a porcentagem de fumantes caiu de 34%, no auge, para  cerca de 15%, atualmente. As empresas que fabricam já não encontram, em muitos países, meios legais de fazer propagandas do cigarro. Pelo contrário. A mídia dá cada vez mais espaço à propaganda anti-fumo. Os governos se preocupam com os prejuízos causados aos Sistemas de Saúde e entram na luta contra o tabagismo. Em muitos lugares do mundo é simplesmente proibido fumar em locais públicos. Resumindo: a fumaça não é mais bem-vinda e bem vista como antes. É encarada como a fumaça que é, prejudicial e destrutiva, principalmente nas nações desenvolvidas ou que caminham para isso. O resultado é que o século 21 parece estar apresentando a execração final do cigarro pela sociedade. Se não nesta, mas na próxima ou nas décadas subsequentes.

Contudo, enquanto o futuro não chega, o problema é: o que fazer com aqueles que ainda são viciados? Os milhões de remanescentes que ainda são traídos pelas mãos que levam à boca esse assassino voraz? Políticas públicas são indispensáveis e obrigatórias. E devem acontecer em todas as direções. É interessante também observar o esforço dos meios de comunicação, como na série "Brasil sem Cigarro", do Fantástico. É uma boa demonstração de mobilização nacional contra o vício, independente do canal de televisão. Alerta, informa, ensina e encoraja aqueles que desejam permanecer vivos por mais tempo e com mais qualidade. E talvez ajude a despertar a força de vontade de uma das minhas tias (filha do mesmo avô morto pelo câncer), para que ela possa se desvencilhar dos maços que fuma, de cada cigarro que tira preciosos 11 minutos de vida. E, assim, tenha destruída a tese dela e de muitos que dizem: "Se eu fumar, vou morrer. Se não fumar, vou morrer também". Para mim, a diferença não está em morrer, mas em não antecipar o último dia.


2 comentários:

  1. Seu contexto parece com o meu em alguns pontos... Várias pessoas da minha família fumavam, mas nunca experimentei.

    Sim, a saúde!

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  2. Já temos tantas doenças pelo mundo causadas por tantos agentes externos. Temos também nossos maus costumes na alimentação, etc... Acho que é hora de tentarmos evitar os vícios que acabam com nossas vidas. Torço por isso!

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