Olá, pessoal!
Pensei em escrever um texto inaugural para o blog, algo como as "boas vindas". Mas quem quer ler isso? Se bem que o intuito do "Argumentu" não é arregimentar leitores assíduos para assuntos que sejam de seu interesse. Para isso existem os muitos meios de comunicação. O propósito é discutir com quantos quiserem e de forma mais intimista alguns dos temas importantes que nos cercam e modificam nosso dia-a-dia.
E aí me veio o caso do colega Gelson Domingos da Silva, sobre o qual deixei para comentar só hoje, após as devidas repercussões. Lembro que, ao escutar a notícia da morte do repórter cinematográfico da Band, eu saí assustado do banho para a frente da TV. E dei de cara com as cenas dele caído, morrendo na favela. Nesse momento, deixei de lado a proteção psicológica que nós, jornalistas, criamos para não nos abalarmos com as tantas desgraças que presenciamos. Costumamos deletar rápido das nossas mentes as atrocidades que vemos para poder prosseguir com nosso trabalho de forma mais sadia. Mas dessa vez não segurei. Chorei como se fosse um dos meus colegas e amigos com quem trabalho ou trabalhei. Imaginei um deles ali. Pessoas cujas famílias conheço e com quem divido a luta diária que é fazer Jornalismo, sorrindo, discutindo, compartilhando estresse e produzindo o melhor que podemos. Para quem ainda não sabe, nossa missão de informar, apesar de nobre na sua importância, é árdua na sua execução. Um erro compromete muita coisa. E é difícil constatar (embora já soubesse no íntimo) que Jornalismo não é à prova de bala. Nem o colete do Gelson era.
Os jornais chegaram a falar em "Atentado contra a Liberdade de Imprensa". Não sei bem se encaro assim, já que as equipes de Jornalismo estavam no meio do fogo cruzado. Era natural que os bandidos reagissem com força máxima. É guerra! Acho que as contínuas coberturas de operações policiais e os coletes deram a falsa impressão de segurança. O fato é que perdemos um colega que passou para o outro lado da vida de uma forma triste e impensada para ele e para nós, mostrando que não basta amar o que se faz. É preciso ter a consciência de cada passo com a certeza da preservação do direito básico de viver. Isso por parte das empresas e dos profissionais. O presidente da ABI falou algo como "não abdicar da notícia". Eu prefiro encontrar uma solução racional para levar a informação e não abdicar da vida, nem minha e nem da minha equipe. Apesar de perseguir a melhor notícia, tentando colher as melhores imagens e informações fiéis e esclarecedoras, definitivamente não quero morrer como herói ou mártir, pois o Jornalismo se mostrou à prova de muita coisa, mas os jornalistas ainda não são à prova de bala.
'' O Jornalismo se mostrou à prova de muita coisa, mas os jornalistas ainda não são à prova de bala. ''
ResponderExcluir"Eu prefiro encontrar uma solução racional para levar a informação e não abdicar da vida, nem minha e nem da minha equipe"
ResponderExcluirConcordo plenamente com o seu ponto de vista...
Desde quando vi a fala do presidente da ABI que pensei nisso.
Parabéns pela postura
É uma realidade que deve ser encarada. Se estamos nessa profissão devemos encarar tudo, pois é preciso que a notícia chegue ao telespectador. Contudo, é necessário a garantia de segurança à nossa categoria.
ResponderExcluirGrande Plínio, seu texto está excelente. Vejo tudo isso como a ganância pelo furo jornalístico e a vontade de aparecer a todo custo. Quem deveria estar ali er somente a polícia. E a notícia? Os policiais seriam as fontes. Definitivamente não concordo com jornalista no meio do fogo cruzado. A polícia erra ao apoiar esse tipo de cobertura.
ResponderExcluirA morte de Gelson era uma tragédia anunciada!
ResponderExcluirNão sei que necessidade existe em pôr jornalistas em meio ao fogo cruzado... Isso não acrescenta nada à sociedade e só prejudica o trabalho da polícia, que passa a ter mais uma vida (além da própria) pra tentar proteger!
Espero que, pelo menos, isso sirva de alerta às emissoras que buscam mais o sensacionalismo que o jornalismo na sua mais bela essência!
Parabéns pela postura, Plínio!
Grande abraço.
Boa noite, á todos... Antes de tudo, quero parabenizar pela grande atitude que você Plínio Almeida deve de tocar num assunto que tem chocado o mundo inteiro, está na hora de algo ser feito para que não venha acontecer mais uma vez. Aos jornalistas que trabalham dia a após dias arriscando suas vidas para assim levar de uma forma direta e complexa a informação para nós telespectadores...
ResponderExcluirObrigado pelas manifestações de apoio e carinho. As publicações serão semanais. Continuem acompanhando que vai aparecer muita coisa boa. rsrs
ResponderExcluirGrande abraço!
A morte de Gelson é mais um acontecimento trágico de cunho jornalistico que nos faz refletir sobre o seguinte questionamento: "Quem seria o verdadeiro culpado da morte do cinegrafista??"
ResponderExcluirSerá que o dever de informar a qualquer custo está além do de prezar pela propria vida???
Muito bom o seu texto, eu diria excelente, digno de uma primeira página. Quanto à morte do cinegrafista, só há o que lamentar. Que a partir de agora, haja um cuidado redobrado na cobertura desse tipo de acontecimento. A vida de um profissional não tem preço. aliás, toda e qualquer forma de vida.
ResponderExcluirJá estou seguindo o seu Blog. Se for possível, siga-me também. Divulgarei o seu Blog através do meu. Abração!