É interessante e ao mesmo tempo óbvio como os sentimentos nobres são todos interligados em sua essência. Quando eu era pequeno e comecei a responder aos meus pais fui severamente repreendido para não mais fazê-lo. Aprendi o que é Respeito. Essa mesma autoridade me fez entender que eu deveria colocar de volta na loja um brinquedinho que eu pegara dizendo que era meu. Não era meu e devolvi, aprendendo o que é Honestidade. A mesma honestidade com que meus pais sempre me falaram tudo o que eu deveria escutar, sem maquiar a verdade nem aliviar nas palavras, para que eu entendesse como faz bem a Sinceridade e a retidão de caráter. E como foi sincero meu avô quando me disse que era um fraco porque não quis montar um cavalo manso do sítio dele. Ele mesmo subiu no animal para me mostrar e eu acabei fazendo a mesma coisa. Dali em diante caí várias vezes, mas foi uma bela lição de Coragem que ele queria e conseguiu passar. Até hoje monto sem medo algum. Assim como não tenho medo de acordar cedo e enfrentar o mundo todos os dias, pois conheci o valor do Trabalho. E como é bom, independentemente de todos os percalços. Meu outro avô dizia que o homem tem de trabalhar como se nunca fosse morrer e viver como se fosse sempre o último dia. Essa eu ainda estou tentando incorporar.
Depois de debulhar esse monte de ensinamentos, quero afirmar com toda ênfase possível que não sou um grande ser humano coisíssima nenhuma. Apenas tive a sorte de ter uma boa formação e ter me aproveitado dela tanto quanto minha índole permitiu, me fazendo um homem com muito mais propósitos positivos do que o contrário. Mas faltou citar uma coisa que sempre vi na minha família e em muitas que conheço. Vou usar uma pequena história. Uma vez estávamos indo para casa minha mãe e eu numa pequena caminhonete que tínhamos. E quando paramos num cruzamento havia uma senhora de idade, magra, de camiseta e saia longa e um pano na cabeça. Ela estava curvada, quase deitada no chão sentindo fortes dores em cujas regiões do corpo não me recordo. Minha mãe desceu do carro, levantou a senhora e a conduziu até o cabine. Levamos a senhora até o hospital. E de lá só saímos quando nos certificamos de que ela estava sendo atendida e estava melhor. Até hoje me lembro disso. E sabe por que lembro? Porque infelizmente não foi algo comum de se fazer. Ainda mais na minha verde cabeça de criança. E era apenas um gesto de SOLIDARIEDADE. Minha mãe se compadeceu daquela mulher, se colocou no lugar dela. Dona Paula é uma santa por causa disso? Longe de ser! Tem alguns defeitos que valha-me Deus! Assim como eu e você que está lendo. Mas ela teve a atitude de se importar e agir em favor do próximo. Meu pai me deu outros bons exemplos disso. E ele também é bem complicado, às vezes.
O que eu quero dizer é que não precisa estar num lugar especial, com todas as condições “necessárias” para se fazer algo pelas pessoas ou pelo mundo. É nas coisas simples que você pode agir, hoje, agora. E por mais que não pareça muita coisa, para as outras pessoas pode valer muito. Aquela senhora podia ter tido complicações e morrer sem chegar ao hospital. Por que não? Eu sei lá! Muita gente doa sangue (eu até preciso fazer isso) e salva vidas. Salva, sim! Muita gente em cirurgias ou depois de acidentes precisa. Amanhã pode ser você ou eu. E o bom é que não precisa ser herói para fazer bons gestos. Precisamos apenas deixar o egoísmo de lado e nos acostumar a ser solidários.
E SOLIDARIEDADE é questão de LÓGICA mais do que de bondade, já que não precisamos ser santos para pô-la em prática. Vamos pensar: o egoísta tem apenas uma chance de ter tudo o que ele quer do jeito que ele quer, pois o mundo pouquíssimas vezes se move para uma pessoa só. Já quando falamos no trabalho de todos para todos as possibilidades são ampliadas aos milhões. Então é muito mais fácil fazer com que um benefício apareça, pela força popular organizada, para muitas pessoas. E a organização social é um ato solidário por natureza, mesmo que não seja essa a intenção. Os benefícios conseguidos por todos vão para todos. Quando muitos doam sangue, muitos recebem sangue. Quando muitos dão um prato de comida, ninguém passa fome. Quando muitos estão dispostos a ajudar e a fazer boas políticas, não falta ajuda para quem quer que seja. Assim pensando, o egoísta que se esforça só para si ganharia mais fazendo pelo todo, pois com o que chega a todos continuadamente, no fim de determinado período será muito se comparado ao ilusório ganho vantajoso só de hoje.
Mas para existir SOLIDARIEDADE é preciso ter ou resgatar primeiro o RESPEITO ao próximo, a HONESTIDADE de caráter, a SINCERIDADE na ajuda, a CORAGEM de agir e o TRABALHO incansável. Se não for por uma questão de amor, que seja ao menos pela LÓGICA. E uma hora, como toda lógica, essa também vai prevalecer.
ESSE SAIU DO FUNDO DA ALMA. MARAVILHOSO! UM TEXTO PARA SER LIDO E RELIDO VÁRIAS VEZES. PARABÉNS!
ResponderExcluirSaiu da alma mesmo! rsrsr Que bom que gostou, Paulo.
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