terça-feira, 20 de dezembro de 2011

QUEM SABE CAIR?



      

        Semana passada vi Neymar fazer um golaço no Mundial de Clubes diante do Kashiwa e sair batendo no peito gritando: "Eu sou foda!" Mas bastou chegar o domingo. O Santos tomou quatro gols e caiu diante do Barcelona, levando pra casa um manual de futebol. E Messi nem falou nada tão empolgado. Duvido que o craque brasileiro em formação não repense algumas coisas diante da retumbante derrota. Eu mesmo imaginava muito da vida quando tinha dezoito anos. Era arrogante na maneira de pensar o futuro. Achava que aos trinta já seria "o cara", com tudo resolvido, pois eu me achava inteligente e capaz de tudo. E este mês completei três décadas com tanto por fazer e crescer que nem sei onde foi parar minha adolescente pretensão. Na verdade, pra chegar até aqui, a historinha do "sangue, suor e lágrimas" me embalou bastante e parece que não acabou.
        Procurar vencer e ter sucesso é algo natural. Quem gosta de ser segundo ou último lugar em qualquer coisa que faça? Ninguém! Para quem gostar, a minha sugestão é a de que procure um tratamento. Existem bons psiquiatras e psicanalistas por aí. Nós precisamos de vitórias, de sentir que o que fazemos está dando certo e nos inspira uma boa perspectiva de futuro, seja lá em que âmbito da vida for. É para isso que vivemos. Ou não? Estudamos para ser "alguém na vida"; fazemos concursos para passar e ganhar um bom emprego (e para isso nem precisa ficar em primeiro); acordamos cedo, trabalhamos até tarde, namoramos, casamos, temos filhos e nos esforçamos para fazer a diferença na existência das pessoas. O tempo todo procuramos destaque. Queremos ter a satisfação de sermos protagonistas da nossa história, de não depender da sorte ou da vontade dos outros para sermos quem queremos. Perfeito!
       Só que esse modelo vitorioso simplesmente não se aplica às nossas vidas como desejamos. Tem muita gente querendo muita coisa (eu conheço uns que querem tudo). Mas não existe solução e espaço para tudo que todos querem. E por isso o destino faz com que a vitória de um seja a derrota do outro. Mundo mesquinho, né? Sim, ele é. E vai continuar sendo enquanto não entendermos o valor de uma queda. Ah, chegamos ao ponto!
      O que muitos ainda não sedimentaram em suas mentes é que as derrotas mostram quem somos. Quer saber do que você é capaz? Então identifique nos seus êxitos o seu potencial. Quer saber o que você ainda não alcança? Seus erros vão te mostrar. Quando você cai, deixa de olhar para cima e enxerga a parte de baixo, onde você realmente está com tudo o que te fez perder. Toda vez que seu trabalho é criticado, pode saber que pelo menos uma parcela daquilo é verdadeira. Quando um relacionamento dá errado, é hora de reconhecer as falhas e tentar acertar da próxima vez. Aprendemos com as derrotas. Crescemos com elas. Isso é fundamental para que saibamos fazer diferente e chegar onde queremos. E por pior que seja um fracasso, é bom lembrar que até do fundo do poço só há para onde subir. Pensando assim, não é errado dizer que toda derrota prepara uma vitória para quem sabe cair.







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